Apresentando a obra A Rebelião das massas

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José Ortega y Gasset é um filósofo nascido em maio de 1883, em Madri. Licenciou-se em Letras e Filosofia entre os anos 1898 e 1902, concluindo o doutorado em 1904 com a tese: Os terrores do ano mil: crítica de uma lenda. Em seguida assumiu a cátedra de Metafísica na Universidade de Madri, posto que exerceu até 1937, quando o deixou e passou a ministrar cursos de extensão. Faleceu em 1955 vitimado de câncer.

Ortega y Gasset é um autor que escrevia, além de livros e artigos, ensaios que o projetaram como um importante escritor. Muitos desses artigos eram encaminhados ao jornal El Sol, de Madri, em 1929. Como existia uma ligação entre as questões levantadas nesses artigos, houve a necessidade de organizá-los num livro intitulado: A Rebelião das massas. Esse livro encontra-se editado pela Martins Fontes, sob a tradução portuguesa de Marylene Pinto Michael.

A obra é uma resposta aos inúmeros problemas sociais provocados pelo mal exercício da política no tempo do filósofo, embora ele reconheça que não é um livro escrito por um político atuante. O autor explica que os problemas gerados na Europa são causados pela superlotação dos lugares públicos, que é o que ele chama de “massa social”.

O que o preocupa é o não esforço do homem para sair da “massa social”. O “homem massa”, como ele o trata, é o indivíduo que não atribui a si um valor e, certamente, não se angustia com isso, sente-se bem ao ser idêntico aos demais indivíduos.

Dessa forma, o problema social evidente é o aglomerado de homens sem a preocupação de discutir os rumos políticos que devem seguir sua nação. O distanciamento dos homens nos assuntos políticos consolidou lideranças conduzidas pela demagogia e ignorância. Esse fato é o que ele chama de “hiperdemocracia das massas” cuja lei é: quem não for como todo mundo, quem não pensar como todo mundo, correrá o risco de ser eliminado. Essa hiperdemocracia é a imposição das massas, quanto aos seus gostos, que muitas vezes estão vinculadas a pressões materiais e ao desejo de poder sem o reconhecimento de leis.

Um dos sintomas mais evidentes da hiperdemocracia se instaura quando a massa resolve fazer justiça. Ela recorre ao linchamento sem o reconhecimento das leis que garantam a paz. Ortega y Gasset verifica que quando as massas triunfam, reina também, a violência como doutrina e única razão. Para controlar a violência das massas nasce o Estado.

O “homem massa” não se preocupa com sua civilização, com sua cultura, sua educação, que são os caminhos que ele tem para sair dessa condição de vulgaridade. O resultado dessa tese é fatal para a vida de cada ser humano, porque os homens passam a viver em função do Estado, tornando-se máquinas estatais. Após certo tempo, trabalhando como máquinas, enferrujam.

Os governos totalitários, comunistas e socialistas são potenciais fabricantes de “homens massa” porque impedem o homem de valer-se de sua vida singular para agir. Por isso, é perigoso render-se a esses projetos políticos. Nessas formas políticas, o homem não tem nenhum valor próprio, não tem particularidade que o distingue dos demais homens. Está agarrado em suas circunstâncias de “massa” e a ela não se esforça para sair.

O título da obra trata de uma rebelião individual contra os desejos do “homem massa”. É a revolta pessoal contra a consciência coletiva. É a defesa do filósofo em manter o homem numa posição seleta pela sua própria capacidade de trabalhar, construir e esforçar-se cada vez mais para melhorar sua vida.

Ortega y Gasset apresenta uma nova forma de encarar o mundo com a experiência individual identificada por raciovitalismo. Ele é um defensor do valor próprio de cada ser humano, enquanto, o “homem massa” é o inimigo consciente de sua singularidade.

Danilo Santos Dornas

(Publicado no jornal Tribuna Sanjoanense)

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